Este é talvez uma das últimas estreias que passou um pouco
ao lado das bocas do mundo. Talvez por ser Sul Coreano, talvez por ser um filme
erótico. Mas este foi para mim uma completa surpresa e um filme que acho que
mais pessoas deveriam ver.
Na Coreia da década de
1930, durante o período da ocupação japonesa, uma rapariga, Sookee, é
contratada como criada de uma herdeira japonesa, Hideko, que leva uma vida
isolada numa enorme propriedade rural ao lado de um tio dominador, Kouzuki. Mas
a criada guarda um segredo: ela é uma ladra recrutada por um impostor, que se
faz passar por um conde japonês, para o ajudar a seduzir a senhora e
convencê-la a casar com ele em segredo, roubar-lhe a fortuna e trancá-la num
manicómio. O plano parece decorrer sem sobressaltos até Sookee e Hideko
descobrirem emoções inesperadas.
Este filme ocorre nos anos 30 na coreia do sul e centra-se numa
herdeira japonesa quando esta contrata uma empregada particular. Esta
contratação está envolta em alguns mistérios, mas rapidamente a relação que
patroa e empregada desenvolvem pode ir para além da relação estritatamente
profissional. O filme está dividido em três partes e todas elas nos vão dar uma
perspectiva muito interessante da história. Mais não vos digo porque este é
outro filme onde não saber quase nada da história vai fazer com que se
surpreendam ainda mais com o filme.
Como já disse este foi um filme que me surpreendeu muito.
Logo à partida pela sua história e temática. Se a Coreia do Sul ainda é um país
fechado nos seus ideais, à época os anos 30, ainda o era mais e tudo era uma
fachada para esconder a verdadeira realidade de tudo e todos. A começar em
todos os backgrounds de cada personagem, porque todos têm algo a esconder,
mistérios por revelar, e passados sórdidos que surpreendem. Este filme com
quase duas horas e meia é dividido em três partes, todas elas encadeadas na
histórias, mas com revelações de diferentes perspectivas a cada nova parte. E a
cada parte eu fui sendo surpreendida e mais surpreendida pela capacidade de o
roteiro me surpreender e espantar com as reviravoltas da trama. É um filme que
não nos cansa e no qual estamos sempre a querer mais e mais e a tentar
adivinhar o que virá a seguir.
O romance que nos é apresentado é bastante inovador para a
época retratada no filme, mas também pelo país de onde provém. E toda a
construção desta parte da história é tão bem feita, tão bem construída e tão
bem interpretada que rapidamente nos embrenhamos na história deste romance. É
uma parte surpreendente, que quase rouba a atenção toda para ele, não fossem as
outras partes tão surpreendentes e esta teria sido a grande chave do filme. As
duas actrizes que o interpretam fazem-no de uma forma extraordinária, senível,
crua, quase a lembrar a cena de ‘Blue is the Warmest Color’, mas mais
impactante porque realmente estamos a falar da Coreia e de uma época onde as
ideias ainda era mais fechadas. Mas uma coisa este filme nos ensina, que as
ideias e os etériotipos deste povo estão apenas nas aparências, porque bem no
fundo e na sua intimidade eles não são fechados e podem ser até um pouco
sórdidos demais. Destaque aqui para o tio da herdeira japonesa que acaba por
ter um papel ainda mais surpreendente na trama.
Outra coisa que adorei neste filme foi a sua riqueza de
cenários e de guarda-roupa. Há medida que o filme vai avançando vamo-nos
surpreendendo com a qualidade de contrução de cenários e da opolência de
guarda-roupa, e neste apstecto temos então a grande casa para onde a criada vai
trabalhar e que é realmente uma casa de grande riqueza, cheia de arte e
artefactos da época, com as divisões bem trabalhadas e a nos remeter bem para a
época, bem como o facto de a sua localização se encontrarar num local bem
afastado da civilização, logo aí a nos remeter para o afastamento e esconder
dos segredos. Para além de uma qualidade fantástica de realização, banda sonora
e fotografia. É daqueles filmes dos quais não nos esquecemos porque todo o seu
conjunto, roteiro, actuações e parte técnicas funcionam na perfeicção.
É um filme que recomendo muito, a pessoas que se entreguam a
filmes de uma forma livre de preconceitos e que acima de tudo olhem para ele de
um ponto de vista cinematográfico e não de preconceito, porque este não é só um
filme erótico.
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