Benjamim Alire Sáenz conquistou-me totalmente com o livro
‘Aristotle and Dante Discovers the Secrets of the Universe’. Logo quando soube
da publicação deste livro não descansei enquanto não o li. E voltei a
apaixonar-me por este autor.
‘The Inexplicable Logic of my Life’ conta-nos a história do
Sal, um menino que foi adoptado por Vincent, um homem muito amigo da mãe dele
que quando ela morre não hesita em o adoptar. Juntos são a família mais feliz,
porque vivem na verdade. Nada entre eles é tabu, ou mentira, e por isso o facto
de Vincent ser gay não é nem nunca foi um problema. Sal tem também uma melhor
amiga com quem é unha e carne, Sam, que infelizmente também atravessa alguns
problemas com a mãe. Tudo parecia perfeito, não fosse Sal começar a questionar
a sua personalidade e as atitudes que tem, e a imaginar que poderão ser
parecidas com o seu pai biológico que ele não conhece.
Eu gostei muito deste livro. Confesso que ao início o
sentido de perfeição, de que tudo me parecia artificial de mais, com amor
demais, me incomodou um bocadinho. Afinal a vida não é perfeita e isso é
demonstrado no livro, mas a forma como as coisas são resolvidas e solucionadas
é que me causava estranheza. No entanto a escrita do autor e os dilemas do
personagem principal fizeram-me ultrapassar tudo isso e embrenhar-me no livro.
Sal é um menino maravilhoso. Tem um pai fantástico e uma família adoptiva que
realmente o integrou, e aqui tenho que ressalvar a relação que ele criou com a
avó, a mãe do pai adoptivo, que é realmente fantástica e que me fez lembrar
muito a minha relação com a minha avó. Mas Sal é um menino com um grande
dilema, quem é ele. E esse é provavelmente o gatilho que me fez adorar o livro.
Porque a pergunta de quem somos nós é uma pergunta que nos colocamos a nós próprios
muitas vezes. Ele começa a questionar pensamentos que tem, comportamentos que
nunca estiveram lá e que agora aparecem, formas físicas, tudo lhe serve para questionar quem ele é realmente, e o quanto ele tem de parecido com o seu pai
biológico. Para uma pessoa adoptada que não conhece os pais, essa questão é
legítima, quer se viva com a pior família, quer se viva com a melhor. Porque
por mais bem que estejamos com a vida a nossa identidade biológica mais cedo ou
mais tarde irá levantar a questão. A forma como o autor desenvolveu esta
questão também foi maravilhosa, colocando-o a questionar, mas também a perceber
e a procurar as respostas nas pessoas que sempre o rodearam e que o conhecem
melhor que ninguém.
Outro ponto do livro residiu no pai do Sal. Ele é um homem
adulto, que sofreu na adolescência quando se assumiu como homossexual. Ele é de
uma família tradicional mexicana e isso nem sempre conjugou bem com as suas
escolhas. Mas a forma como ele e a sua família ultrapassaram as coisas foi
muito bonito de se ver no livro e que apesar de ser raro é bom de se ver. Para
além de um grande exemplo de história que ele foi ao longo do livro e até para
o Sal. Toda a sua sabedoria e responsabilidade, mas também inocência e
esperança no futuro melhor foi interessante de ver num livro YA, e aquilo pelo
espero cada vez mais destes livros.
É um livro que recomendo, um autor que espero que escreva
muitos mais livros e um que adoraria ver nas livrarias portuguesas.
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