Partir uma tela em branco para ver os filmes pode ser para mim a melhor coisa que faço. Para este filme foi isso mesmo que
aconteceu e fui completamente surpreendida. Um filme cru e duro que acredito
que irá tocar muitos de vocês.
Esta é a história da família Chandler,
da classe trabalhadora do Massachusetts. Quando Joe (Kyle Chandler) morre
subitamente, o seu irmão mais velho, Lee (Casey Affleck), passa a ter a guarda
legal do sobrinho Patrick (Lucas Hedges), um adolescente de 16 anos. Este
facto obriga-o a lidar com o trágico passado que o separou da mulher, Randi
(Michelle Williams), e da comunidade onde nasceu e foi criado.
Começamos este filme logo a conhecer o protagonista desta história, Lee. A
princípio ele parece ser um homem amargurado, fechado em si mesmo, muito mal humorado, que vive para fazer o seu trabalho diário e nada mais. E é quando o
seu irmão morre, e ele é obrigado a regressar a Manchester de uma forma mais
permanente por causa do seu sobrinho que vamos perceber o porquê de toda aquela aparência que ele nos mostra. E de repente este filme leva-nos à vivência
daquele homem, aos seus monstros, aos seus medos, à sua raiva, ao seu lado mais
triste e negro. E é o maior murro no estômago, porque é muito real.
A realidade deste filme foi aquilo que mais me marcou. Este é um filme
simples, com uma história que facilmente podia ser a nossa e que facilmente é a
de uma grande parte da população. Pessoas que após uma tragédia na sua vida se
fecham nelas próprias e passam a viver uma vida miserável. E este é um filme
sobre isso. É um filme sobre a realidade do ser humano, das relações que ele
tem para com os outros, para com os seus familiares. É quando Lee regressa à
sua cidade e se vê a braços com a possibilidade de ser “um pai” para o seu sobrinho que ele revive tudo aquilo que um dia o travou de crescer como homem,
que o anulou como ser humano. O filme divide-se entre o presente e o passado em
forma de flash backs e essas mudanças são tão bem feitas que ao início nem
percebi muito bem quando uma coisa se entrelaçava na outra, mas à medida que a
história avança esta técnica é muito importante para nós percebermos a história
e as motivações de cada um.
Este é um filme muito bem escrito, montado e produzido. Tem uma fotografia
muito bonita, conjugando as imagens à beira do mar com uns tons frios que nos
remetem mesmo para a tristeza que todo o filme invoca. O casting também foi
muito bem escolhido, indo o maior mérito para o Casey Affleck, um actor espectacular que deu realmente corpo e alma para a
o filme, dando ao espectador tudo aquilo que precisávamos de sentir para
realmente percebermos a história e também nós sentirmos as dores dele. Para que ele
brilhasse o trabalho dos actores secundários também não é esquecido, que
apesar de não serem memoráveis trabalharam para que ele enquanto Lee fosse
realmente espectacular.
Um filme do qual me custa falar, do
tanto que ele significou para mim. E no fim de o ver só me perguntava, mas
porque é que mais pessoas não estão a falar dele? Porque ele é realmente
um filme que mais pessoas deviam ver, admirar e guardar para sempre. Um filme
que recomendo mesmo muito.
Tenho de ver isto! Já o ando a dizer desde que vi o trailer no cinema...
ResponderEliminar