Estava muito curiosa para ver este filme porque toda a gente
estava a falar muito bem dele. E depois claro porque tanto a história como
o realizador me puxaram para o ver. E
posso vos dizer que o filme é de dar cabo dos nervos, mas é muito bom.
Na primavera de 1945, quando a guerra
no Pacífico entrava nos seus derradeiros e mais mortíferos dias, as tropas
norte-americanas na ilha de Okinawa encontraram alguma da resistência mais
feroz que alguma vez viram e um soldado destacou-se dos restantes. Desmond T.
Doss, objector de consciência, apesar do seu voto de nunca matar, serviu
bravamente como socorrista desarmado na infantaria, e sozinho salvou as vidas
de dúzias dos seus camaradas feridos, sem efectuar um único disparo.
Confesso que como estava tão curiosa para ver este filme acabei por não
procurar saber muito sobre o mesmo e parti para a visualização dele quase em
branco com a história. Queria ser surpreendida e acabei por ser e muito.
Desmond Doss, vivia na Virginia com a sua família muito católica, mas bastante
disfuncional, não fosse o pai beber e acabar por bater na mãe. Quando o seu
irmão se alista no exército Desmond sente como que uma obrigação de também o
fazer, mas com o objectivo de ser um médico na guerra. Ajudar e não matar. Essa
era a sua única condição. Ele era aliás um objector de consciência, uma pessoa
tão religiosa que é incompatível com o serviço militar, mas que está disposta a
ajudar na guerra noutras tarefas. Na altura esta atitude não foi muito bem
vista no exército, porque o que interessava era ganhar a guerra a qualquer
custo e todos tinham que ajudar. Mas ele acaba por vencer a dele e partir para
a guerra sem uma única arma e com o único propósito de ajudar. E vai ajudar
muito, mais do que aquilo que estavam à espera e tornou-se assim um autêntico
herói. O primeiro objector de consciência dos EUA a ser condecorado com a
medalha de Honra do Congresso.
Este é um filme de nervos. Começa de uma forma mais lenta ao nos contar a
história do Desmond desde a sua infância, a sua relação com o irmão e com os
pais, e a sua vida na pacata cidade onde ele vivia. É assim uma forma de
contextualizar não só o que se vivia no interior dos EUA, mas também como vivia
um povo muito religioso quando um país estava em guerra. O filme depois muda
quando Desmond parte para a guerra e é aí que os nervos começam. Todo o tempo
de recruta do Desmond não é fácil, mas vemos um rapaz convicto daquilo em que
acredita e que fará de tudo para ajudar o seu país sem nunca ir contra os seus
objectivos. Essa aliás é uma das grandes lições do filme, não era só porque
alguém dizia que ele tinha que usar uma arma para matar que ele o tinha que
fazer quando ele sabia que haviam outras formas de ajudar os militares e o seu
país na guerra. Mas este é também um filme de guerra, e se por um lado é
enfatizada a personalidade bondosa do protagonista, a dureza e a realidade da
guerra são também enaltecidas no filme. As cenas no campo de batalha não são
fáceis. Corpos dilacerados, cortados ao meio, barrigas e cabeças abertas, total
carnificina, e também as cenas de luta e tiros são de uma realidade muito
impactante e que nos mostra mesmo como as coisas se passaram. Gosto quando os
realizadores não escondem o que foi aquela realidade e neste filme isso é muito
importante. E é quando eles chegam ao campo de batalha que o Desmond tem o seu
acto de maior bondade ao resgatar ao longo da noite a maioria dos soldados
ainda vivos do campo de batalha e fazer o maior feito na guerra.
É um
filme ainda de maiores nervos ao sabermos que é um filme baseado em factos
reais e é aí que nos apercebemos que quando queremos podemos fazer toda a
diferença no mundo, nem que seja com um pequeno grande gesto como o do Desmond.
É um filme muito bom, que recomendo a todos. Com óptimas interpretações, uma
realização fantástica, uns efeitos sonoros e visuais muito bons e que nos
consegue emocionar com a sua história.
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