Filmes biográficos tem um cantinho especial nos meus gostos
cinematográficos. Talvez por mostrarem a história de alguém que poderíamos ser
nós e nos levar a sonhar com outras histórias de vida. Quando soube que ia sair
um filme sobre um dos intervenientes da expansão da cadeia de restaurantes
Mcdonalds fiquei logo curiosa. Afinal, este é um local onde costumo ir de vez
em quando e que gosto. Sem saber nada desta história lá parti para o filme e
fiquei surpreendida com o que lá encontrei.
Adaptação ao cinema da biografia
de Ray Kroc, fundador da cadeia de comida rápida McDonald´s. Relata como um
caixeiro-viajante do interior dos Estados Unidos comprou, em 1954, o franchise
do restaurante de hambúrgueres dos pouco ambiciosos irmãos Mac e Dick McDonald.
O sucesso e as inovações introduzidas por Kroc permitiram-lhe adquirir a
empresa aos McDonald, em 1961, por 2,7 milhões de dólares.
Se
forem como eu e não souberem nada da história do Mcdonalds poderão pensar que o
dono da marca é alguém chamado McDonald’s. Mas estamos enganados. A McDonalds
surgiu através dos irmãos Mac e Dick que criaram uma revolucionária forma de
fazer hamburgers que lhes permitia fazê-los em pouco tempo e vendê-los muito
baratos. Ray, um comerciante de porta em porta que vendia máquinas de fazer
batidos interessou-se um dia por este restaurante pois o mesmo tinha acabado de
fazer uma grande encomenda de máquinas de batidos. Quando chegou ao restaurante
encantou-se e viu uma oportunidade de negócio. Basicamente ele ficaria encarregado
de expandir o negócio e certificar-se de que esse mesmo negócio dava lucro.
Quando ele percebeu que este negócio podia ser a galinha dos ovos de ouro não
olhou para trás e não descansou enquanto não estivesse na posse da marca e a conseguisse trabalhar da forma como queria. Esta é acima de tudo a história de
alguém que não pensava pequeno e que quando via algo e queria algo persistia
até que esse mesmo algo fosse dele. Uma pessoa ambiciosa que não se importava
de passar por cima de tudo e de todos para alcançar o seu objectivo. Passar inclusive por cima dos irmãos Mac e Dick que acabaram sem a sua marca, sem o
seu restaurante e sem o seu sustento.
O
filme em si está bastante bem produzido e dá-nos mesmo a ideia de como terá
sido os inícios deste restaurante de fast-food. Foi do que mais gostei no
filme, da criação do que hoje damos por
tão conhecido e do que na altura foi necessário para tornar este no restaurante
de fast-food e não em mais um dos que existiam à época. Gostei também de ver
toda a ambição de um homem que persistiu até conseguir chegar ao seu objectivo,
não importava por cima de quem se passasse, não interessando deixar a mulher
para trás ou arruinar vidas. Não é fácil entender pessoas com este tipo de
ambição porque acabam por passar a imagem de pessoas frias e calculistas, que o
são na verdade, mas que também pessoas com visão de futuro e que conseguiram
tornar o pequeno em muito grande. Agora se me perguntarem se vale a pena
estragar vidas pelas nossas ambições, eu direi que nem sempre vale a pena. E
neste caso assistimos a uma retirada de poder aos criadores originais do
restaurante que no fim acabaram sem receber nada porque não conseguiram
acompanhar a evolução do Ray.
No
entanto e apesar de toda esta importância temática não posso dizer que é um
filme fantástico pois acaba por se demorar em certos aspectos e por passar a
correr outros que eram mais importantes. Há personagens que não são exploradas
e o filme peca por ter falta em muitos momentos. Ressalvo aqui a interpretação
de Michael Keaton que tem um trabalho exímio ao interpretar um empresário
voraz.

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