Desde que soube da estreia deste filme que fiquei muito
curiosa com o mesmo. Sou muito curiosa pela nossa história nacional e por
aquilo que conseguimos espalhar pelo mundo e por isso um filme sobre uma
pequena influência portuguesa conquistou-me logo. E conquistou-me mesmo. Um
filme muito bem feito e pensado que me deixou muito curiosa para ler o livro
que lhe deu origem.
No século XVII, dois
padres jesuítas vindos de Portugal - Sebastião Rodrigues (Andrew Garfield) e
Francisco Garrpe (Adam Driver) - viajam até ao Japão sob ordens da
igreja, na esperança de encontrarem o seu mentor, Frei Cristóvão Ferreira
(Liam Neeson), e de investigarem rumores de que teria renegado a fé cristã.
Basicamente este filme retrata a tentativa de ensinamento e
implementação da religião cristã no Japão, por parte de padres portugueses.
Acredito, que já não me lembro bem da história, que quando os portugueses
chegaram ao Japão, na altura dos descobrimentos, começamos a partilhar com eles
os nossos ensinamentos, entre eles a religião. Acontece que ao longo dos tempos
o império japonês quis implementar em todo o território o budismo e lançou uma
caça aos cristãos. Os padres portugueses sabendo disso iam partindo para lá na
tentativa de ajudar os cristãos a sobreviverem na sua fé. Os cristãos japoneses
eram perseguidos, humilhados e mortos em frente a toda a sua aldeia, tal como a
própria igreja o tinha feito a favor da sua própria religião com a inquisição. É
incrível como as histórias se repetem e como até nos dias de hoje situações
como esta continuem a acontecer.
O filme é lento, duro, silencioso, mas de uma maestria que
me conseguiu agarrar do início ao fim do filme. Talvez por gostar destas
temáticas ou simplesmente por me ter conseguido relacionar com este filme. O
silêncio é a base de todo ele, e como católica, acredito ser também a base da
fé. É no silêncio que estes padres conseguem rezar e fundar a sua fé com Deus.
É a dureza do silêncio que nos mata e nos mói, mas também nos dá as maiores
certezas. Certezas essas que estes padres tentaram buscar nesse silêncio para
conseguir levar o seu objectivo avante. No fim o caminho foi duro e silencioso
de todas as partes, mas a certeza da fé esteve sempre presente.
Gostei de tudo neste filme, a cinematografia, o
guarda-roupa, o ambiente, a escolha de actores e até as opções do realizador.
Muitos comentaram que sendo um filme de portugueses e até tendo alguns
japoneses a saber falar a nossa língua o filme deveria ter sido falado em
português. Mas sejamos sinceros, se assim fosse, o filme se calhar nem teria
tido aquela nomeação que teve e poderia não ser tão falado. E por muito que me
custe prefiro que a mensagem chegue, seja ela em que língua for. Para além
disso o nosso português de Portugal é uma língua que apesar de fácil aprendizagem
iria exigir aos actores falar com o nosso sotaque e não com o sotaque do Brasil que é o que é de mais fácil aprendizagem, por ser quase uma língua
cantada. No entanto o nosso país não foi esquecido, com inúmeras referências e
a certeza de que quando eles falam em inglês é como se estivessem a falar português. Para além disso existiram duas palavras que ao longo do filme são
ditas constantemente em português, paraíso e Deus.
Este é acima de tudo um filme que devemos ver, porque para
mim é mais histórico do que religioso. Há ali muita história envolvida, não só
com a chegada dos portugueses ao japão tendo lá deixado muitas marcas como
também a cultura japonesa com a sua religião budista. E é tão bom saber que nós
os portugueses conseguimos deixar tantas marcas no mundo, como saber que fomos
dos primeiros a fazer um dicionário japonês – portugês precisamente por padres
jesuítas.
É um filme que intercala culturas, choca convicções, mas no
fim do caminho temos a certeza de que a nossa fé, seja ela qual for, sairá renovada. Um filme que recomendo muito.

Deve estar muito bom. É mais um dos muitos que tenho para ver!
ResponderEliminarÉ muito bom sim.. Recomendo muito..
EliminarSó quero escrever uma opinião tão boa quanto a tua para o jornal do grupo de jovens da minha terra!
ResponderEliminarBeijinhos Chris!
Claro que vais escrever! Beijinhos*
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