Com tantos filmes a serem lançados nesta altura, confesso
que este filme acabou por me passar um bocadinho ao lado. E confesso também que
quando olhava para este poster a ideia que ele me transmitia era que o filme
seria uma história romântica. E no fundo o mesmo não deixa de o ser. Uma
história de amor vivida na altura em que os negros não eram bem vistos na sociedade muito menos um amor entre um homem branco e uma mulher negra.
Em 1958, no estado
norte-americano da Virgínia, o casal Richard e Mildred Loving vêem o seu lar
invadido pelas autoridades que detêm Richard e o condenam a um ano de prisão. A
sentença é suspensa na condição de que os dois saiam do estado. Durante os nove
anos seguintes, vão lutar para que lhes seja permitido regressar a casa. Tudo
porque Richard é branco e Mildred é parte negra, parte Cherokee.
Este é um filme simples, baseado numa história real, mas que
é um hino ao amor real. Digo isto porque este é o espelho do que poderia ter
sido o amor de muitos casais ao longo dos tempos. Conhecemos neste filme um
homem branco que se apaixona por uma mulher negra, e que por sempre ter
convivido com pessoas negras não vê nesse acontecimento nada de extraordinário.
Mas esse não era o pensamento à época. E quando descobrem que eles se casaram e que
vivem juntos são presos e condenados a uma pena de prisão substituída pelo
abandono daquele estado onde viviam que à época criminalizava o casamento e o
relacionamento inter-racial. É à medida que a história deles avança eles
começam a revoltar-se com a mesma e a procurar uma solução que lhes permitisse
educar os seus filhos junto com a sua família. Luta essa que levou a sentença
que os condenou em primeiro lugar ao Tribunal Constitucional que lhes revogou a
sentença e lhes permitiu viver em qualquer estado norte americano como um
casal.
Apesar de toda esta importância em volta desta luta notamos
ao longo de todo o filme que os protagonistas da mesma apenas queriam viver o
amor deles de forma plena. E conseguiram manter-se fiéis aquilo que era o amor
de ambos. E conseguimos ver isso mesmo através deste filme, que não sendo bruto
naquilo que nos mostra e na época que nos retrata, consegue, através da história
dos protagonistas, tocar o espectador para aquela realidade. Neste filme não
contamos com cenas brutais ou interpretações de arrebatar, mas contamos com um
filme forte pela simplicidade que é. É através dos heróis mais silenciosos que
a história da humanidade sempre se foi fazendo e através desta história nós
vemos mesmo isso a acontecer. Eles, mesmo sem saber como, acabaram por fazer
parte de uma pequena mudança no rumo dos direitos que todos nós temos enquanto
ser humanos.
É por isso um filme que acaba por ter interpretações fortes,
mas não marcantes. Sentimos os seus medos e dúvidas, as suas inseguranças, mas
por serem simples demais acabaram por ser normais demais para mim. E foi talvez
isso que gostei menos neste filme. Nunca me esquecendo claro de que estavam a
retratar pessoas que existiram mesmo e que no fundo retratariam muitos dos que
à época sofreram a mesma descriminação e que tentavam de uma forma calma e
simples solucionar a questão.
É mais uma vez um filme que acho importante de se ver pela
temática que aborda, mas que acaba por não ser um filme marcante e ao qual
sinta necessidade de voltar.

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