Parti para a visualização deste filme com a mente limpa e
com a expectativa de que iria ver um grande filme. Não só pelo elenco
escolhido, a sua trama, mas também por nos trazer o diferencial de ser
realizado por um estilista e ter essa perspectiva é muito interessante. Acabei
por me surpreender e gostar muito do filme, que acima de tudo me fez pensar e
isso é também uma das coisas que mais gosto que um filme me transmita.
Susan Morrow (Amy
Adams), leva uma vida desafogada, mas vazia, na companhia do marido, Hutton
Morrow (Armie Hammer). Durante um fim-de-semana, enquanto Hutton parte para uma
das suas frequentes viagens de negócios, Susan recebe uma encomenda, de origem
desconhecida. É um romance intitulado "Animais Noturnos", escrito
pelo seu ex-marido, Edward Sheffield (Jake Gyllenhaal), com que ela não
contacta há anos.
A história à partida parece ser bastante simples, Susan é a
gerente de uma galeria de arte e vive actualmente um casamento onde não é
feliz. Persistente em manter as aparências, vive uma vida triste e solitária
até ao dia em que recebe um pacote misterioso que continha um manuscrito de um
livro escrito pelo seu ex-marido. Intrigada com o assunto ela pega no
manuscrito e começa a ler. É aí que o filme se vai começar a desenrolar e se vai
dividir em duas grandes partes, a parte actual da vida da Susan e os flashbacks
com a história que ela vai lendo no livro. E vamos ter assim duas grandes
perspectivas deste filme. Por um lado vamos ter a superficialidade, a beleza, o
pragmatismo. E por outro o violento, o errado, a angustia, a raiva. Dois lados
do ser humano transmitidos ao espectador de uma forma impecável.
Não entrando em muitos detalhes sobre o filme e a sua
história, porque acredito que este é daqueles filmes que mais vale ver do que saber
de antemão tudo o que é. É acima de tudo um filme muito poderoso e
interessante. Para mim tudo começa pela imagem que o realizador quis que o filme
tivesse. Por um lado temos a beleza, o linear, a superficialidade da Susan que
não vive a vida mais feliz, mas que não quer demonstrar aquilo que vive. Para
isso o estilo de roupa, acessórios, decorações dos locais de filmagens e até no
tom de voz dos discursos trabalham muito bem para a grande construção daquilo
que é o filme. Pelo contrário temos a história que nos é contada pelo livro, e
que já é uma história mais dura, mas crua, onde existe mais raiva, mais
injustiça e onde as filmagens, o guarda-roupa e as próprias interpretações são
mais duras e mais reais. O grande contraste que é utilizado para que o espectador
distinga bem aquilo que está a ver, e consiga tirar as suas próprias
conclusões, está muito bem feito e agradou-me muito.
Este é acima de tudo um filme que nos faz perspectivar,
pensar nas fases da nossa vida, nos relacionamentos, sentimentos e até atitudes
que tomamos. Acima de tudo é um filme para nós interpretarmos consoante aquilo
que ele nos vai dizendo idividualmente a cada um de nós, pois acredito que a
mesma cena não vá significar o mesmo a vocês que significou para mim, e foi
isso mesmo que eu mais gostei neste filme.
Um filme bonito, e muito interessante do ponto de vista do
roteiro e é por isso um filme que recomendo.

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